31 de outubro de 2010

Contatos Imediatos do Terceiro Grau [2]

Terminei de ler faz tempo, é verdade, mas com a rotina estressante de trabalho eu não tive tempo de postar, então vou tentar fazer um resumo bem breve aqui.
No geral o livro segue o filme muito de perto.  Tem apenas algumas pequenas diferenças, muitas das quais podem ser vistas na Edição Especial ou nos extras do DVD, como cenas excluídas, como por exemplo a cena em que Roy vai até a usina e até mesmo o encontro dos aviões do Vôo 19.
Eu lembro de que quando eu vi o filme nos cinemas pela primeira vez, fiquei encantado com tudo, desde o pôster (que é basicamente a capa do livro).  Os efeitos especiais, o Vôo 19, o Pico do Diabo, a música, os efeitos especiais.  Foi uma experiência única, e foi muito legal encontrar o livro depois de tanto tempo.

4 de maio de 2010

Contatos Imediatos do Terceiro Grau

"Contatos Imediatos do Terceiro Grau",
de Steven Spielberg.
Parado na página 26 de 168 páginas.  Tá, eu sei, já citei este capítulo em meu outro blog, mas não posso deixar de citar de novo.  É o melhor capítulo de meia página jamais escrito.  E vai mais ou menos assim:

CINCO

Um sintetizador Moog é tudo menos uma coisa simples. Ainda há poucos no mundo e são ainda menos as pessoas que sabem montá-lo e menos, ainda, as que sabem o que fazer com ele, as que conhecem a sua capacidade, o seu potencial, os seus limites.

Por isso, quando veio a ordem de modificar o sintetizador que tinham construído para Stevie Wonder, dois anos antes, os jovens barbudos, de óculos e bigodes, que entendem desses misteriosos aparelhos, agiram com perplexa diligência.

Perplexa porque, evidentemente, Sr. Wonder estava emprestando ou dando o seu Moog a um grupo não conhecido anteriorrmente por seus interesses musicais. Mas, que diabos? Que é que eles podiam fazer com um sintetizador Moog, que não pudessem fazer com um míssil balístico intercontinental de longo alcance e ogiva nuclear?

Do livro "Contatos Imediatos do Terceiro Grau", de Steven Spielberg.  Capítulo 5.

26 de abril de 2010

Danrlei, Uma Lenda Gremista

"Danrlei, Uma Lenda Gremista", de
Elizário Goulart Rocha
Hoje mais cedo terminei de ler "Danrlei, Uma Lenda Gremista", mais um dos livros que ganhei da minha linda esposa no final-de-semana passado.

Um livro bem curtinho, mas que serviu para enriquecer ainda mais este final-de-semana glorioso onde o Grêmio se encaminhou muito bem para conquistar seu 36º título estadual.

Com apenas 127 páginas ( lidas em pouco mais de dois dias ) a obra conta a história daquele é provavelmente o atleta mais vitorioso da história do Grêmio ( 19 títulos em 10 anos de titularidade ).  Do começo difícil à consagração e, depois, às polêmicas.  O início de carreira recebe mais atenção do autor, que dedica poucos e pequenos capítulos à fase mais vitoriosa do goleiro, ao mesmo tempo que evita entrar em detalhes dos temas mais polêmicos.

Mas no geral bom livro, um importante registro da história de um dos heróis da Nação Tricolor.

Grêmio, Campeão Acima de Tudo

"Grêmio, Campeão Acima de Tudo", de
Eduardo Bueno e Fernando Bueno.
Terminei de ler na sexta-feira um dos livros da coleção Paixão Entre Linhas que ganhei de presente da minha excelentíssima esposa no sábado passado.

O livro, de Eduardo Bueno e Fernando Bueno, conta a história do Grêmio muito na linha de um livro anterior de Eduardo ( o famoso Peninha ), "Grêmio, Nada Pode Ser Maior".  A novidade fica por conta da abordagem.  Ao invés de narrar a história do tricolor gaúcho na terceira pessoa, os autores se colocam na pele de uma "testemunha ocular dos fatos", o avô de ambos, Augusto Scravaglione Romulo.  Aliás, mais do que testemunha, Augusto teria tido participação efetiva em praticamente todos os fatos importantes da história do Grêmio: ele estava lá na fundação do clube ( escondido embaixo da mesa, pois na época tinha apenas 6 anos de idade ... ), ajudou a escolher as cores do uniforme, serviu como olheiro e cooperou imensamente na contratação de craques da estirpe de Lara, Foguinho e De Leon, além de ter participado nas obras de construção dos dois estádios do tricolor, o da Baixada e o Estádio Olímpico.  Mais do que isso, segundo os autores, o sujeito continua mais vivo do que nunca ( afinal é Gremista, e portanto Imortal ) e presenciou tanto a Batalha dos Aflitos quanto o Grenal do centenário ...

É claro que a obra é uma alegoria, mas nem por isso menos emocionante.  Mas é verdade, também, que lá pelas tantas o livro se torna um pouco cansativo, a gente já começa a pensar "pô, esse cara tá em todas ?".  Talvez pressentindo isso os autores parecem ter apressado o final do livro.  A partir de um dado momento ocorrem grandes saltos na cronologia dos eventos citados.  Ao mesmo tempo não há assim nenhuma grande revelação na história do clube, a qual como eu disse já foi contada no "Nada Pode Ser Maior" de Eduardo, exceto, claro, por uma pequena atualização nos quatro anos que separam as publicações dos dois volumes.  Porém o livro tem a seu favor o fato de dar uma ótica mais personalizada à história tricolor, acrescentando fatos do cotidiano de Porto Alegre e mesmo chegando ao cúmulo de citar os endereços onde ocorreram os eventos, o que sempre me interessa muito ...

No geral um bom livro, bastante emocionante.  Tenho para mim que a direção do Grêmio devia apresentar volumes assim para os novos jogadores assim que contratados ...  Acho que as lições de amor ao clube mostradas em qualquer um dos livros dos Bueno, se enraizadas nos jogadores do clube, poderiam render belos frutos.

E, só para concluir, enquanto eu procurava pelo Peninha na Internet encontrei isso aqui.  É simplesmente fantástico !

18 de abril de 2010

Construindo Sites com CSS e (X)HTML

"Construindo Sites com CSS e (X)HTML",
de Maurício Samy Silva
Só para constar, semana passada comprei o livro "Construindo Sites com CSS e (X)HTML", já que estou tentando retomar minha veia HTML, e já que ando tendo algumas idéias bem interessantes a respeito do uso de interfaces vivas novamente, algo com o que não brincava desde meu emprego anterior, há quase quatro anos ...

O livro tem esse nome todo estiloso, esse "(X)HTML" acho que só para constar.  Até omde cheguei, página 66 de 446, não se fala muito de HTML, mas apenas de XHTML.  Mas acho que o autor achou que o nome ia ficar mais legal se incluísse um par de parênteses ...

De qualquer forma, estou gostando bastante da organização e da didática do livro.  CSS é um assunto que nunca formalizei muito, ficando mais em conta das referências na Web, então estou achando bem interessante.

Aliás, venho pensando a respeito disso já há algum tempo.  Com essa coisa de acesso à Internet em tempo integral, será que a gente realmente aprende alguma coisa ou fica só no arroz com feijão ?  Quero dizer, será que não ficamos só naquela coisa de "como é mesmo que se faz um efeito de glow em CSS ?" ao invés de realmente aprendermos os conceitos por detrás daquilo ?  Acho que só o livro nos dá isso ...

Noturno [5]

Acabei de concluir a leitura.

No geral gostei do livro.  Um pouco previsível de vez em quando, e, conforme havia dito antes, fica aquele gosto ruim de que o livro acabou sem ter terminado.  Vou ter que esperar mais dois anos para ver a Trilogia da Escuridão terminada.  Mas no geral acho que o primeiro volume vale a pena.

Desde o meu último post passei por vários capítulos, mas não vou tentar resumí-los aqui, até para não estragar a história para aqueles que ainda pretendem ler o livro.  Mas é claro que meus comentários contém spoilers.  Não sou crítico literário, e o conteúdo deste blog não deve ser encarado como uma crítica.  Escrevo mais para registrar minhas percepções do que efetivamente comentar alguma coisa.  Este blog é mais para mim mesmo do que para qualquer outro.

Mas enfim, vamos à minha análise: gostei muito da inclusão do exterminador de pragas à trama, ele adiciona muitas informações interessantes a respeito de Nova York e até mesmo oferece dados interessantes à estratégia dos caçadores de vampiros.  Ao mesmo tempo, a elucidação de que há outros vampiros iguais ao "Mestre", e que existe um certo tipo de pacto entre eles é igualmente interessante, e deixa antever temas que certamente serão importantes nos próximos livros.

Há ainda um sem número de questões sem respostas: como o vampiro conseguiu retirar seu caixão do hangar da Régis Air sem que as câmeras de segurança conseguissem registrar nada ?  Porque ele foi tão rápido ali e não tão rápido na batalha final com os caçadores ?  Qual o objetivo do ataque ao avião ?  Como ele conseguiu atacar tantos passageiros tão rapidamente ?  Como nenhum deles parece ter notado qualquer coisa, mesmo os quatro sobreviventes ?  Porque Sardu parece ter feito questão de salvar Bolivar ao se ver oressuibadi oekis caçadores ?  O que Setrakian quis dizer quando falou "ele não é desta terra" ?  Ele se referia à América ?  Ou ao planeta ?

Bom, vamos ter que esperar.  Mas não acho que todas estas perguntas vão ser respondidas.  Quero dizer, toda a história do ataque ao vôo 753 ocorreu logo no início do livro, e não foi respondida até o final.  O assunto esfriou, não acho que eles vão retomá-lo num próximo volume ...  Mas vamos ver.

Agora acho que vou partir para ler os presentes que ganhei hoje ...

10 de abril de 2010

Noturno [4]

A leitura progride lentamente.  Agora estou parado na página 323 de 463.  Se eu tivesse pego o livro na velha Biblioteca do SESI já teria que ter renovado o empréstimo duas vezes, e eu não me lembro de ter renovado um empréstimo sequer uma vez naquela época ...  Ah, como eram bons os tempos de segundo emprego ...  (-:

Enfim, já passei por vários capítulos desde a última vez em que escrevi aqui:

Despertar, Eph e Nora finalmente sobem a bordo do avião, então já movido para dentro do hangar da Régis Air, e percebem as manchas de amônia em todo o revestimento do interior do avião; Eph encontra o comandante Redfern vivo e percebe que pode haver outros sobreviventes, ao mesmo tempo em que pressente uma estranha "presença" quando na cabine, embora não saiba precisar o que sentiu; pequenos torrões de areia e um cheiro estranho os fazem lembrar do caixote, o qual eles logo descobrem que desapareceu misteriosamente do hangar; alguém contrata Gus, um ladrãozinho que mora no Queens, para levar uma van do estacionamento subterrâneo do JFK até Battery Park, nas cercanias dos antigos prédios do World Trade Center.  Gus faz o serviço, mas não sem antes tomar um tremendo susto ao deixar a van no estacionamento subterrâneo de um sobrado em obras.
Enquanto isso Eph descobre que todos os sobreviventes, com exceção do Comandante Redfern, deixaram o hospital sem que ele soubesse, o que complica ainda mais a tentativa de diagnóstico.  Redfern se queixa de dores no pescoço e garganta, além de uma estranha incisão muito bem executada na sua garganta, a qual ele não sabe explicar.  E neste capítulo também descobrimos que Abraham Setrakian encontrou com Sardu enquanto prisioneiro num campo de extermínio nazista em Treblinka, na Polônia.  Setrakian descreveu o monstro como uma figura muito alta e esguia, com a pele arrepiada e escura, e duas fileiras de dentes amarelados e incrivelmente afiados, e que se alimentava dos prisioneiros moribundos.

Movimento: quando Eph e Nora presenciam os inesperados resultados das autópsias conduzidas pelo Dr. Gossett Bennett nos corpos dos passageiros mortos no vôo: não há rigidez, não há decomposição e todos os passageiros apresentam um pequeno corte na garganta ou na coxa, sempre sobre uma artéria importante, e, mais importante, não há sangue, só um líquido branco,
E aqui também temos a tentativa de Setrakian de alertar Eph para examinar os corpos com luz ultravioleta e que ele ordene a destruição dos mesmos, antes que seja tarde.  Parece muito conveniente para a história que o velho, depois de anos de preparação, se deixe levar pela ânsia de resolver tudo e acabe preso como um indigente ...

A Primeira Noite: o Dr. Bennet faz uma descoberta aterradora, mas infelizmente não vive o tempo suficiente para disseminar o conhecimento recém adquirido ( se a coisa seguisse assim seria um desenrolar interessante para a história -- alguém descobriu a causa da "doença", mas infelizmente morreu antes de conseguir encontrar a cura ou transferir o conhecimento -- pena que o livro escolhe o caminho mais fácil ).  Bennet também não vive para presenciar algo ainda mais fantástico: todos os mortos no acidente desaparecem misteriosamente dos necrotérios, como se tivessem levantado e saído ...  Esse é provavelmente um dos capítulos mais marcantes do livro, onde começamos a ver o destino dos sobreviventes do vôo 753, o Comandante Redfern, a advogada Joan Luss, o rock-star Gabiel Bolivar e o analista de sistemas Ansel Barbour e seu emocionante sacrifício para salvar sua família.  Redfern está transformado e acaba por atacar Jim Kent, da equipe da Operação Canário, antes de ser morto por Eph e Nora.  Outros ataques ocorrem quando reencontramos Gus ( a quem se juntou Félix, seu amigo ), que tem uma surpresa nada agradável ao tentar voltar para o Queens sem gastar todo o dinheiro que ganhou levando a assustadora van para Battery Park; ao mesmo tempo que vemos a tocante e, no final, assustadora história de Gary Gillbarton, um sujeito que perdeu a esposa, a filha e a sobrinha no vôo 753.  Também aqui vemos como Setrakian tentou enfrentar Sardu, tentativa esta que lhe custou as mãos de marceneiro e quase a sua vida.

Aurora: a primeira noite passou, e estranhamente Eph e Nora, embora tenham presenciado de corpo presente a transformação do Comandante Redfern e o consequente ataque, ainda não tomaram nenhuma atitude no que tange ao alerta à população, o que de novo é muito conveniente para a história.  É aqui que eles descobrem que os corpos desapareceram dos necrotérios, e Eph e Nora finalmente começam a conectar os fatos e partem em busca de Setrakian.  Jim está hospitalizado na área de isolamento do Hospital Jamaica, enquanto Setrakian continua preso, por coincidência ( ou conveniência ? ) junto com Gus e Félix, que fora atacado na noite anterior e parecia muito doente.  Setrakian alertou Gus, mas este, óbvio, não lhe deu ouvidos.  Eldritch Palmer reaparece, de novo sabendo de tudo o que está acontecendo.  Pior, descobrimos que Jim é um dos seus espiões no Projeto Canário, então Palmer descobre que ele fora infectado e despacha uma equipe para recuperar o corpo do Comandante Redfern e evitar que uma eventual autópsia revele demais.

O Velho Professor: Eph e Nora resgatam Setrakian da cadeia, e ele os leva até a sua loja de penhores no Harlem Espanhol, onde lhes apresenta a "outra palavra com V".  Mesmo tendo enfrentando Redfern e visto ele atacar e quase mater Jim os dois não acreditam, então Setrakian os leva em diligência para a casa de uma das vítimas do vôo 753, justamente a menina filha de Gary Gillbarton.  Lá eles encontram a menina já transformada e o seu pai, atacado por ela na noite anterior.  Conseguem matar os dois, mas Setrakian ainda parte em busca pela vizinhança, ao perceber que a menina acabara de se alimentar instantes antes.  Este capítulo estraga a história que poderia ter se criado a partir da morte do médico legista, pois Setrakian parece saber o bastante sobre a doença e os vermes que a causam.  Sabe até mesmo como enfrentá-los, exatamente como o Professor Van Helsing sabia no Drácula original.  Mas apesar disso é um capítulo interessante, pois somos apresentados a um outro personagem inusitado em um livro sobre vampiros ( já tínhamos o bactereologista Eph, agora ganhamos o caçador de pragas Vasiliy Fet ( Vaz para os íntimos ), que trabalha para o Departamento de Controle de Pragas de Nova York, alguém que atuou bastante na época dos atentados de 11 de Setembro na tentativa de evitar que os ratos fugindo do local do colapso das torres infestassem a cidade inteira.  Ao atender um chamado de um amigo Vaz percebe que é como se todos os ratos da região das torres estivessem fugindo do local, apavorados ...

A Segunda Noite: Os ataques por Nova York continuam, em proporção geométrica.  Quanto tempo vai levar para Eph e Nora começarem a agir, afinal de contas ?

Exposição: Estou lendo este capítulo no momento.  Alguém armou uma cilada para Eph e Nora: o corpo de Redfern sumiu e o chefão do CDC recebeu um vídeo onde ele e Nora aparecem atacando o comandante.  O vídeo, habilmente montado, não mostra o ferrão de Redfern, e ainda inclui inexplicáveis imagens do que parecem ser Eph e Nora roubando o corpo do necrotério ...  Setrakian, Eph e Nora fogem, mas agora estão desacreditados e não vão conseguir fazer muito ...
Para piorar ainda mais as coisas, descobrimos que Eph mandara o vírus para a Flórida, para que seu colega Peter O'Connel, chefe da Patologia de Doenças Infecciosas do CDC investigasse.  Eph pede que Peter destrua as amostras, mas do jeito que as coisas vão é só questão de tempo para termos a infecção atacando também na Flórida ...

2 de abril de 2010

Noturno [3]

O comandante Redfern ficou observando a luz arroxeada brilhar  sobre sua pele.

- Se vocês acham que conseguirão descobrir o que aconteceu, eu posso servir de cobaia.

Eph balançou a cabeça, agradecendo.

- Quando você ganhou essa cicatriz? - perguntou Nora.

- Que cicatriz?

Ela estava olhando para a garganta do piloto, que inclinou a cabeça um pouco para trás a fim de que ela pudesse tocar a fina linha azulada sob a lanterna Luma.

- Parece quase uma incisão cirúrgica - disse Nora.

Redfern alisou a garganta.

- Não sinto coisa alguma aqui.

Na verdade, quando Nora apagava a lanterna a linha ficava quase invisível. Ela acendeu a luz novamente, e Eph examinou a cicatriz. Tinha talvez um centímetro e meio de comprimento, com poucos milímetros de largura. O tecido que brotara sobre o ferimento parecia bem recente.

- Mais tarde vamos tirar chapas. A ressonância magnética deve nos mostrar alguma coisa.

Redfern balançou a cabeça, e Nora desligou a lanterna.

- Você sabem ... há mais uma coisa aqui. - Redfern hesitou, com a confiança de piloto aéreo momentaneamente enfraquecida. - Eu me lembro de alguma coisa, mas acho que para vocês não vai adiantar …

Eph deu de ombros quase imperceptivelmente.

- Nós vamos aceitar qualquer coisa que você puder nos dar.

- Bem, quando eu apaguei... sonhei com uma coisa ... uma coisa muito antiga. - O comandante olhou em torno, quase envergonhado, e depois recomeçou a falar com voz bem baixa. - Quando eu era criança ... à noite ... sempre dormia numa cama grande na casa da minha avó. E toda meia-noite, enquanto os sinos badalavam na igreja próxima, eu costumava ver uma coisa sair de trás de um grande armário antigo. Toda noite, sem falta, a coisa esticava a cabeça negra, os braços compridos e os ombros ossudos ... e ficava me encarando.

- Encarando? - perguntou Eph.

- A coisa tinha uma boca serrilhada, com lábios finos e pretos ... ficava só me olhando ... e sorrindo.

Eph e Nora estavam transfixados. Tanto a intimidade quanto a atmosfera sonhadora daquela confissão eram inesperadas.

- Então eu começava a gritar. Minha avó acendia a luz e me levava para sua cama. Isso durou um ano. Eu chamava a coisa de Sanguessuga. Porque sua pele ... aquela pele negra ... parecia exatamente a das sanguessugas gordas que nós costumávamos pegar num riacho próximo.

Alguns psiquiatras infantis me examinaram e conversaram comigo. Falaram que era um caso de "terror noturno" e deram várias razões para que eu não acreditasse no Sanguessuga, mas ... toda noite ele voltava. Toda noite eu mergulhava debaixo dos meus travesseiros para me esconder dele, mas era inútil. Eu sabia que ele estava lá, no quarto.

Redfern deu um sorriso forçado.

- Nós nos mudamos alguns anos mais tarde. Minha avó vendeu o armário e eu nunca mais vi aquilo. Nunca mais sonhei com o Sanguessuga.

Eph ouvira com atenção.

- Vai me desculpar, comandante ... mas o que isso tem a ver com …

- Vou chegar lá - disse ele. - A única coisa que recordo entre a nossa descida e a hora em que despertei aqui ... é que ele voltou. Nos meus sonhos. Eu vi novamente o Sanguessuga ... e ele estava sorrindo.

De Noturno, "Despertar", páginas 133-134.

31 de março de 2010

Noturno [2]

Parado na página 123 de 463 páginas.
A leitura segue de forma vagarosa, mas já venci uma boa parte do livro: O Início, O Pouso, Embarque Imediato, Chegada, Ocultação; agora lendo Despertar.

Como disse, os primeiros capítulos são avassaladores: o livro começa em 24 de Setembro de 2010, descrevendo o pouso aparentemente normal do Boeing 757 da Regis Air, vôo 753, procedente de Berlim, na Alemanha, com 210 pessoas a bordo.  Porém, enquanto ainda taxiava em direção ao terminal de passageiros do aeroporto JFK, em Nova York, a aeronave desliga completamente.  Apesar das tentativas da torre em estabelecer o contato, ninguém na aeronave responde.  Assim o pessoal de pista é despachado, apenas para encontrar o avião completamente às escuras e com todas as portas trancadas e persianas abaixadas.  O medo começa a crescer.

Os personagens começaram a ser apresentados: temos Abraham Setrakian, que conhecemos ainda menino quando sua avó lhe conta a lenda de Jusef Sardu, um jovem da membro da nobreza polonesa que aparentemente se tornou um monstro ( um vampiro ? ) quando caçava lobos com seu pai e tio na Romêmia.  Alguns anos mais tarde Setrakian e sua família tiveram que fugir da Romênia por causa dos nazistas, e aparece bem mais tarde como dono de uma loja de antiguidades em Nova York, parecendo saber bem mais sobre os acontecimentos terríveis narrados no livro do que se poderia esperar de um velho aleijado.

Temos também Ephraim Goodweather ( Eph ), o chefe do Projeto Canário, uma operação do Centro de Controle de Doenças criado para identificar rapidamente qualquer ameaça biológica ( me lembra um pouco o Projeto Wildfire, do excelente O Enigma de Andrômeda ).  Eph tem um filho, Zack, e está se divorciando de Kelly, que hoje vive com Matt.  Como se suspeita de um ataque terrorista, ou mesmo de uma doença incrivelmente contagiosa, caberá a Eph e à sua colega Nora investigar o caso do Boeing "morto" da Régis Air.

E também temos um outro personagem bastante misterioso: Eldritch Palmer, um rico enpresário residente em Dark Harbor, virginia, que estranhamente parece bastante informado a respeito dos acontecimentos no aeroporto JFK.  Palmer, com 76 anos de idade, tem uma saúde bastante frágil e precisa continuamente fazer hemodiálise diariamente.  Além disso tem o estranho hábito de manter a temperatura ambiente em precisos 17 graus centígrados ...

Quando Eph chega ao aeroporto a autoridade portuária já havia despachado um grupo de agentes para serrar a aeronave e adentrá-la, apenas para descobrir todos os ocupantes mortos.  Eph e Nora adentram na aeronave vestindo trajes de proteção, e acabam por descobrir quatro sobreviventes, incluindo o comandante.  Encaminhados para a ala de segurança do Hospital Jamaica, nenhum dos sobreviventes consegue lembrar de nada, embora estejam aparentemente bem de saúde.  Apesar disso ficam em quarentena no hospital, enquanto as equipes de saúde tentam determinar a causa das mortes.

Enquanto isso, de volta ao aeroporto, as equipes de resgate começam a inspecionar a aeronave.  Encontram um caixote muito estranha, que não parece registrada na relação de carga.  Tal caixote é preto e tem estranhas gravuras de seres alados.  Descontado o tamanho avantajado parece bastante com um caixão de defunto, embora esteja carregado com uma lama negra e mal-cheirosa.

E como se as coisas precisassem ficar ainda piores, há um eclipse total se aproximando.  Logo depois que  Eph e equipes de segurança da prefeitura dão uma entrevista coletiva o eclipse chega com força, e durante a ocultação o caixote desaparece misteriosamente do hangar de manutenção da Regis Air, apenas para ser encontrado meio que por acaso por Lorenza Ruiz, a mesma que havia sido a primeira pessoa a se aproximar do Boeing depois que ele se apagara na pista de pouso.  Lorenza se sentia como se tivesse sido guiada até o local, e aparentemente foi a primeira vítima em terra da coisa que viajou a bordo do Vôo 753, qualquer que seja ela.

Enfim, o clima vai ficando cada vez mais tenso, e as equipes de resgate e investigação ainda não tem qualquer pista sobre o que aconteceu aos passageiros e tripulantes do vôo 753.  Com quase um terço do livro vencido as situações estranhas se acumulam e nenhuma resposta foi descoberta.  Isso fica cada vez mais parecido com Lost ...

Ah, sim, cabe um comentário ...  Hoje em dia todas as menininhas lêem histórias de vampiro que mais parecem contos de fadas, vampiros sarados e bonitões que só querem se apaixonar ...  E dê-lhe Eclipse, True Blood, Vampire Diaries e tudo o mais.  Mas isso aqui não é uma história para menininhas.  É um livro de vampiros que quer virar filme e que tem até um eclipse, mas as semelhanças param aí.  Esse é mais pesado, mais intenso, e muito mais assustador.  Tomara que a saga completa valha a pena.

25 de março de 2010

Noturno

"Noturno", de Guillermo del Toro e
Chuck Hogan.
Nunca fui fã de Guillermo del Toro.  Aliás, como poderia, se nunca vi sequer um filme do cara ?  Nem nunca ouvira falar de Chuck Hogan, autor sensação nos Estados Unidos por causa de uma curta história de mistério lançada ano passado.  E mais ainda, nunca fui muito fã de histórias de vampiros.  Mesmo o nunca-antes-contestado Drácula de Bram Stoker não me chamou muita atenção ( achei o final simples demais, faltava um epílogo holywoodiano, no que deve ter revoltado os fãs do livro ... ).

Mas enfim, ouvi falar deste projeto e a premissa me pareceu interessante.  Um Boeing 777 pousa no aeroporto JFK, em Nova York, e de repente se apaga completamente.  Há toda uma reação das equipes responsáveis, primeiro pensando em um atentado terrorista ou sequestro, mas nada de conclusivo.  Tudo apagado lá dentro, ninguém responde ao rádio, todas as persianas internas abaixadas ...  O clima que os autores constroem logo nos primeiros capítulos é de arrepiar.  Se você ficou interessado, pode ler o primeiro capítulo pode ser visto no hot-site que a Editora Rocco criou para o livro.  É só seguir o link.

Mas antes de mais nada é bom saber que este é um livro que não tem um final.  Ou ao menos não um final convencional.  Ele é o primeiro volume de uma trilogia que Del Toro e Hogan estão preparando, e que deve se completar com dois novos lançamentos ( um ainda em 2010 e o próximo em 2011 ).  Pode ser meio desmotivante ler um livro que não acaba, mas resolvi correr o risco.  A gente não está assistindo Lost há seis anos, e gostando ?

Bom, acabei de ler os primeiros capítulos.  Nenhum personagem importante foi citado ainda, mas o clima está montado.  Volto assim que fizer progresso.

22 de março de 2010

O Oitavo Passageiro [5]

Feito, livro terminado.
Acabei não vendo o filme ainda, então as comparações vão ficar para mais tarde.  Obviamente o livro segue o filme bem de perto, mas algumas diferenças são perceptíveis.

A morte do comandante Dallas, por exemplo, é descrita de forma mais direta, sem dar muito a sensação claustrofóbica que só um filme em tela grande conseguiria.  A cena em que Ripley tenta desativar a auto-destruição do Nostromo parece mais rápida, menos tensa.  Não sei se isso se deve ao talento de Ridley Scott oou se o livro realmente se baseia em uma versão anterior do roteiro, sem muitos floreios.  De qualquer forma, está lá a cena excluída do filme em que Ripley encontra os corpos da tripulação na sala de manutenção.

Aliás, dá para saber, sim, que o livro se baseia em um roteiro mais antigo: na cena em que Parker decapita Ash, ele o faz usando um dos rastreadores de movimento que o próprio Ash havia desenvolvido, exatamente como aparece no roteiro cujo link mostrei antes.  No filme, entretanto, Parker usa um extintor de incêndio ( o que me parece mais pertinente, a não ser que os rastreadores fossem realmente monstros inconcebíveis ... ).

No final, Ripley consegue vencer a fera enviando-a para o espaço a partir do módulo de fuga ( que, aliás, me fez lembrar de um certo filme de um certo diretor muito badalado, um filme sobre um barco enorme ...  Assim como o tal barco, o Nostromo não tinha botes salva-vidas para todos os passageiros ... ).

Enfim, leitura mais do que recomendada.  Muito especialmente para quem ainda não viu o filme, acho que o livro perde um pouco da força nesta situação, mas ainda assim é muito interessante.  Em tempos de banalização dos efeitos especiais, ler um livro / ver um filme totalmente baseado nos "efeitos psicológicos" do medo é realmente muito refrescante.

21 de março de 2010

O Oitavo Passageiro [4]

Parado na página 191 de 232.  Fazem sete dias que estou lendo, e já venci uma fatia bem grande do livro.

Kane morreu na página 149, naquele que provavelmente é o momento mais marcante do livro e do filme, e com certeza um dos mais reconhecidos da Ficção Científica mundial.  Ainda me lembro do terror que me assaltou quando li esta cena pela primeira vez, sem nunca ter visto o filme antes.  Hoje, entretanto, depois de ter visto o filme tantas vezes (e apenas uma desde que comprei o DVD -- fico me perguntando se acontece com todo mundo que compra DVDs ...) muito deste impacto se perdeu, mas ele ainda está lá.  Foster se atém ao básico ao descrever a cena, mas ainda assim consegue criar algum suspense, fazendo tudo acontecer de surpresa.  Aliás, não sei se isso se deve ao roteiro ou ao livro em si, mas gosto muito da "atuação" de Ash quando das duas mudanças de status de Kane (quando o maniforme finalmente o deixa e, mais tarde, quando o tripulante acorda aparentemente plenamente recuperado, apenas para morrer instantes depois.

O confronto Dallas / Ash também ficou muito interessante.  Mostrado do ponto de vista do primeiro, a cena mostra que o capitão já não está mais tão seguro das suas capacidades de liderar a equipe.  Ash é brilhante na arte da dissimulação, e Dallas fica ainda mais inseguro.  Tivesse Dallas sido o primeiro a morrer, aí o leitor desavisado poderia ter ficado com a impressão que o cientista conspirava contra sua própria equipe, mas não, Brett morre logo depois, quando a tripulação decide que o melhor é encontrar o alienígena e jogá-lo para fora da nave.

Aliás, essa é uma cena meio boba, lugar-comum nos filmes de terror: o cara que se separa do grupo para buscar algo ou alguém que ficou para trás (no caso Jones, o gato de bordo, o verdadeiro oitavo passageiro) apenas para ser atacado pela besta enquanto ninguém pode ver ("no espaço ninguém pode ouvir os seus gritos", já dizia o cartaz do filme ...)).  Outra coisa que me irrita é que Foster fica sempre citando "Jones, o gato", como se o leitor não conseguisse lembrar os nomes dos personagens ...

A morte de Brett, descrita na página 176, é um pouquinho diferente da do filme.  No filme ela parece mais dramática, com pausas para aumentar a tensão e tudo o mais.  Talvez o livro se baseie em uma versão preliminar do roteiro, ou talvez Foster simplesmente achou que as pausas não se prestavam ao livro.  De qualquer forma, ainda é muito clichê.

Mas gosto muito das discussões da tripulação a respeito de alternativas para caçar o alien.  Não parece aquela coisa combinada, ensaiada, que a idéia já está pronta e eles estão só enrolando para nos mostrar.  Parece mais com idéias reais, debatidas em seus pontos fracos e fortes, até que, por evolução, se chega em um plano de ação.  Gosto muito disso, e não lembro exatamente se no filme vemos tudo isso ou não.  Vou precisar ver meu DVD para matar a dúvida ...  Provavelmente vou fazer isso amanhã à noite, depois de terminar o livro.

Estou chegando à morte de Dallas.  Depois que Kane e Brett morreram a tripulação ficou muito abalada, e Dallas achou que era sua vez de correr os riscos, já que até ali ele vinha sempre expondo os outros aos riscos.  Ficou legal, gostei da psicologia da cena.

E, para terminar, uma última queixa: a impressão da Editora Nova Fronteira em 1979 até que era boa, uma capa bonita, papel bom e uma fonte bem legível.  Entretanto eles falharam em alguns aspectos.  As divisões dentro dos capítulos, aquelas linhas em branco ou asteriscos (ou qualquer outro ornamento) que se usa para dividir "cenas" dentro de um capítulo, praticamente não existem.  Vez por outra eu me perco, já que de repente o assunto muda e a gente fica pensando que ainda se está falando da mesma coisa ...  Meio frustrante.  E outro erro grave ocorreu na montagem: as páginas 156 e 157 foram montadas em ordem invertida.  A numeração segue a seqüência certa, mas o que está no lado direito, página 157, tem que ser lido antes do que o que está no lado esquerdo, página 156.  Acaba que, para entender a coisa direito, temos que reler três ou quatro páginas ...

É isso.  Voltamos a qualquer momento com novas informações.

19 de março de 2010

O Oitavo Passageiro [3]

Só para registrar: enquanto procurava por DAS/DCS e aquela baboseira toda encontrei o script de Alien escrito por Walter Hill e David Giler.  Siga o link e divirta-se.

Está em inglês, mas parece valer a pena ...  Uma pequeninha peça de história.

EDIT: Outra: quando eles tentaram vender o script para as produtoras o anunciavam como um "Tubarão no espaço".  Taí um bom candidato para um próximo review, só para manter a temática livro/cinema.  Mas acho que primeiro vou procurar meu "Contatos Imediatos do Terceiro Grau" que está perdido em algum armário.  Li "Tubarão" há bem pouco tempo ...

O Oitavo Passageiro [2]

No momento parado na página 120/232 de "O Oitavo Passageiro".  Agora há pouco, entretanto, lembrei de uma passagem que gostaria de ter registrado antes.

Sir. Arthur C. Clarke, em sua terceira lei, já dizia que "qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível da magia".  Bom, livros de ficção científica tem a difícil tarefa de, vez por outra, terem que lidar com o impossível, terem que descrever tecnologias que ainda não foram inventadas.  Uns ainda tentam fazer algum sentido, mas outros não se dão ao trabalho.

- Órbita equatorial no papo - anunciou Ash.
Abaixo deles o mundo em miniatura girava indiferente.
- Dê-me uma leitura de pressão.
Ash examinou os instrumentos e falou, sem voltar-se para encarar Dallas:
- Três ponto quatro cinco em corte em redondo ...  aproximadamente cinco psia, capitão.
- Avise se mudar.
- O senhor teme que uma manipulação redundante possa desarranjar o controle CMGS quando estivermos ocupados com outra coisa ?
- Isso.
- O controle CMG fica neutralizado via DAS/DCS.  Podemos aumentar com TACS e controlar através de ATMDC e computador.  Mais aliviado ?
- Muito mais.

De "O Oitavo Passageiro", de Alan Dean Foster; capítulo 2, página 30.

Mas ...  Posso mudar de idéia ...
Todas as siglas "mágicas" usadas parecem pertinentes, foram usadas em um documento que encontrei na web que descreve o sistema de controle de vôo do Skylab ...

18 de março de 2010

O Oitavo Passageiro

"O Oitavo Passageiro" [Alien], de
Alan Dean Foster, baseado no filme de
Ridley Scott, este por sua vez baseado
no roteiro de Dan O'Bannon e
Ronald Shusett,
Eu vinha procurando por esse livro já há muito tempo.  Demorei tanto para encontrar provavelmente porque estava procurando com o nome errado: sempre busquei por "Alien, O Oitavo Passageiro", mas parece que o livro foi publicado numa época em que era crime usar palavras estrangeiras nos títulos (vide "Guerra nas Estrelas", do mesmo autor [mas mascarado como George Lucas]).
Bom, de qualquer forma, este livro me traz belas lembranças.  Eu o li pela primeira vez em 1987.  Eu fazia o terceiro ano do segundo grau no Geteco, em Bagé, e meu colega Giovani certa vez me convidou para ir à Biblioteca do SESI.  Embora sempre tenha gostado de ler (leio até rótulo de shampoo se me faltar o que ler ...), por alguma razão que ainda desconheço eu nunca havia me associado a uma biblioteca, nem nunca mais o fiz.  Mas as experiências que obtive a partir daquela primeira visita me são caras até hoje.  Era uma caminhada longa, mais de 1 Km no sentido contrário ao da minha caminhada normal, e isso numa época que eu já estava trabalhando depois das aulas, mas sempre à fiz de muito bom grado, seja acompanhando o próprio Giovani seja sozinho.  Li muita coisa, mas sempre dando ênfase à Ficção Científica, gênero que me atraiu desde sempre.  Foi lá que conheci Arthur Clarke, Isac Asimov, Philip K. Dick, Ray Bradbury e outros tantos.

Bom, por ser um livro que já li há tanto tempo, as impressões que tive da primeira vez que o li já se perderam quase completamente.  Mas lembro que senti medo.  Acho que mais por causa do filme, mesmo.  Quando li o livro eu ainda não havia visto o filme.  Os cinemas em Bagé eram no centro, e eu, por morar longe, dificilmente ficava sabendo o que estava em cartaz.  Lembro que desejaria ter visto o filme, mas também lembro que tenha ficado com um pouco de medo (nunca gostei muito de filmes de terror, e devo admitir que, no início, não gostava mesmo por sentir medo ...).  Mas enfim, julguei que a experiência da leitura seria menos intensa.  Devo ter me enganado ...  (-:

Mas vamos ao livro propriamente dito.  No momento que escrevo estou na página 88 de 232 (peguei o livro na tarde de sábado, então acho que é um bom progresso, embora esteja sentindo uma certa má-vontade para ler, talvez por ainda não ter me entregue completamente ao livro).  O começo é interessante, Foster começa descrevendo o hipersono dos tripulantes da Nostromo.  É interessante notar que as pistas que ele dá sobre a verdadeira natureza de Ash são sutis, escassas até.  Ele dorme o hipersono junto com a tripulação regular, mas acho que isso seria esperado, já que ele devia passar incógnito.  Mas é interessante comparar a descrição dos seus sonhos com a total ausência deles na Mãe, o computador da nave.  Isso era uma pista, mas na direção errada ...  (-:

Hoje, para mim, é impossível ler o livro dissociado do filme.  As linhas de Foster evocam diretamente as imagens criadas por Ridley Scott para o filme, e nem poderia ser diferente, já que o livro foi adaptado a partir do roteiro escrito a oito mãos por Dan O'Bannon, Ronald Shusett e mais tarde retocado por Walter Hill e David Giler.  É interessante notar, entretanto, que existe apenas uma pequena referência ao Space Jockey, o imenso alienígena que operava o transmissor da nave alienígena.  Aliás, a humanidade já ter tido um prévio contato com formas de vida alienígenas é algo que não fica claro no livro (nem no filme).  Encontrar o sinal de emergência é algo que causa assombro, assim como encontrar a própria nave que transmitia o sinal, mas nunca toca na questão do "primeiro contato", a descoberta de que não estamos sozinhos no universo: no livro a humanidade já explora planetas muito além do sistema solar, então era de se esperar que contatos já houvessem ocorrido, porém o livro nunca deixa claro se ocorreram ou não.

Oegao ver que, embora tenha tentado deixar tudo a respeito de Ash meio nebuloso, já dá para se ter uma noção das suas reais intenções quando Ripley finalmente consegue algo mais concreto a respeito da mensagem.  Ele está vendo algo no seu monitor, algo que despertaria muito interesse nela, mas simplesmente não ficamos sabendo o que é ...  Um nó para ser desatado mais tarde.

Aliás, a respeito de Ripley, uma outra coisa que me agradou bastante é o fato de que ela não recebeu nenhum destaque até agora.  Quero dizer, para quem está lendo pela primeira vez, parece que ela é só mais uma coadjuvante, e que os verdadeiros heróis da estória são provavelmente o Dallas e, eventualmente, o próprio Ash.  Legal ...

E então vem a cena em que Kane é atacado pelo facehugher.  Bem interessante, o suspense vai crescendo até o momento do ataque, e me lembro que foi aterrador ler isso pela primeira vez.  Hoje, depois de ver o filme tantas vezes, perdeu um pouco do seu impacto psicológico, claro, mas continua marcante.  Agora o capitão Dallas e a navegadora Lambert vão ter que retornar à Nostromo carregando o corpo inerte de Kane com a coisa pendurada na sua cara.  Ler isso e ter que imaginar essa viagem, que deve ter levado uma hora em um planeta inóspito e completamente desconhecido, foi uma barra.

Então vejamos ...  Quem sabe publico mais alguns insights a respeito do restante do livro à medida que progrido.  Até lá, então !