18 de março de 2010

O Oitavo Passageiro

"O Oitavo Passageiro" [Alien], de
Alan Dean Foster, baseado no filme de
Ridley Scott, este por sua vez baseado
no roteiro de Dan O'Bannon e
Ronald Shusett,
Eu vinha procurando por esse livro já há muito tempo.  Demorei tanto para encontrar provavelmente porque estava procurando com o nome errado: sempre busquei por "Alien, O Oitavo Passageiro", mas parece que o livro foi publicado numa época em que era crime usar palavras estrangeiras nos títulos (vide "Guerra nas Estrelas", do mesmo autor [mas mascarado como George Lucas]).
Bom, de qualquer forma, este livro me traz belas lembranças.  Eu o li pela primeira vez em 1987.  Eu fazia o terceiro ano do segundo grau no Geteco, em Bagé, e meu colega Giovani certa vez me convidou para ir à Biblioteca do SESI.  Embora sempre tenha gostado de ler (leio até rótulo de shampoo se me faltar o que ler ...), por alguma razão que ainda desconheço eu nunca havia me associado a uma biblioteca, nem nunca mais o fiz.  Mas as experiências que obtive a partir daquela primeira visita me são caras até hoje.  Era uma caminhada longa, mais de 1 Km no sentido contrário ao da minha caminhada normal, e isso numa época que eu já estava trabalhando depois das aulas, mas sempre à fiz de muito bom grado, seja acompanhando o próprio Giovani seja sozinho.  Li muita coisa, mas sempre dando ênfase à Ficção Científica, gênero que me atraiu desde sempre.  Foi lá que conheci Arthur Clarke, Isac Asimov, Philip K. Dick, Ray Bradbury e outros tantos.

Bom, por ser um livro que já li há tanto tempo, as impressões que tive da primeira vez que o li já se perderam quase completamente.  Mas lembro que senti medo.  Acho que mais por causa do filme, mesmo.  Quando li o livro eu ainda não havia visto o filme.  Os cinemas em Bagé eram no centro, e eu, por morar longe, dificilmente ficava sabendo o que estava em cartaz.  Lembro que desejaria ter visto o filme, mas também lembro que tenha ficado com um pouco de medo (nunca gostei muito de filmes de terror, e devo admitir que, no início, não gostava mesmo por sentir medo ...).  Mas enfim, julguei que a experiência da leitura seria menos intensa.  Devo ter me enganado ...  (-:

Mas vamos ao livro propriamente dito.  No momento que escrevo estou na página 88 de 232 (peguei o livro na tarde de sábado, então acho que é um bom progresso, embora esteja sentindo uma certa má-vontade para ler, talvez por ainda não ter me entregue completamente ao livro).  O começo é interessante, Foster começa descrevendo o hipersono dos tripulantes da Nostromo.  É interessante notar que as pistas que ele dá sobre a verdadeira natureza de Ash são sutis, escassas até.  Ele dorme o hipersono junto com a tripulação regular, mas acho que isso seria esperado, já que ele devia passar incógnito.  Mas é interessante comparar a descrição dos seus sonhos com a total ausência deles na Mãe, o computador da nave.  Isso era uma pista, mas na direção errada ...  (-:

Hoje, para mim, é impossível ler o livro dissociado do filme.  As linhas de Foster evocam diretamente as imagens criadas por Ridley Scott para o filme, e nem poderia ser diferente, já que o livro foi adaptado a partir do roteiro escrito a oito mãos por Dan O'Bannon, Ronald Shusett e mais tarde retocado por Walter Hill e David Giler.  É interessante notar, entretanto, que existe apenas uma pequena referência ao Space Jockey, o imenso alienígena que operava o transmissor da nave alienígena.  Aliás, a humanidade já ter tido um prévio contato com formas de vida alienígenas é algo que não fica claro no livro (nem no filme).  Encontrar o sinal de emergência é algo que causa assombro, assim como encontrar a própria nave que transmitia o sinal, mas nunca toca na questão do "primeiro contato", a descoberta de que não estamos sozinhos no universo: no livro a humanidade já explora planetas muito além do sistema solar, então era de se esperar que contatos já houvessem ocorrido, porém o livro nunca deixa claro se ocorreram ou não.

Oegao ver que, embora tenha tentado deixar tudo a respeito de Ash meio nebuloso, já dá para se ter uma noção das suas reais intenções quando Ripley finalmente consegue algo mais concreto a respeito da mensagem.  Ele está vendo algo no seu monitor, algo que despertaria muito interesse nela, mas simplesmente não ficamos sabendo o que é ...  Um nó para ser desatado mais tarde.

Aliás, a respeito de Ripley, uma outra coisa que me agradou bastante é o fato de que ela não recebeu nenhum destaque até agora.  Quero dizer, para quem está lendo pela primeira vez, parece que ela é só mais uma coadjuvante, e que os verdadeiros heróis da estória são provavelmente o Dallas e, eventualmente, o próprio Ash.  Legal ...

E então vem a cena em que Kane é atacado pelo facehugher.  Bem interessante, o suspense vai crescendo até o momento do ataque, e me lembro que foi aterrador ler isso pela primeira vez.  Hoje, depois de ver o filme tantas vezes, perdeu um pouco do seu impacto psicológico, claro, mas continua marcante.  Agora o capitão Dallas e a navegadora Lambert vão ter que retornar à Nostromo carregando o corpo inerte de Kane com a coisa pendurada na sua cara.  Ler isso e ter que imaginar essa viagem, que deve ter levado uma hora em um planeta inóspito e completamente desconhecido, foi uma barra.

Então vejamos ...  Quem sabe publico mais alguns insights a respeito do restante do livro à medida que progrido.  Até lá, então !

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